Ainda é necessário falar sobre burnout?

O burnout foi um termo que se popularizou muito nos últimos quatro anos. Com a chegada da pandemia, ficou ainda mais evidente que os colaboradores estão buscando qualidade de vida em equilíbrio com o trabalho.

Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o burnout na Classificação Internacional de Doenças (CID-11). A condição é definida como um “estado de exaustão física e mental causado por estresse crônico relacionado ao trabalho.”

Principais fatores que contribuem para o desenvolvimento do burnout:

  • Sobrecarga de trabalho, falta de suporte, e equilíbrio precário entre vida pessoal e profissional são fatores comuns. A sobrecarga impacta a rotina do profissional, podendo ter consequências, como:
    • dificuldade na concentração;
    • ansiedade;
    • dores físicas (nas costas e na cabeça);
    • desmotivação;
    • distúrbios de sono;
    • irritabilidade;
    • alteração no apetite;
    • isolamento social;
    • queda do rendimento e produtividade.
  • A pandemia de COVID-19 exacerbou esses problemas, levando a um aumento significativo nos casos de burnout.

Agora, com o fim da pandemia e recomeço do mercado de trabalho, trazendo o cuidado com as pessoas como um pilar necessário, o tema está sendo menos abordado. Será que chegamos no cenário ideal para os trabalhadores? As demandas estão em equilíbrio, sem sobrecarga? A flexibilidade é uma realidade? Vamos analisar os dados atuais um pouco mais de perto para responder a esses questionamentos.

Segundo uma pesquisa realizada pela Ticket, mais de 150 profissionais foram entrevistados e 75,5% afirmaram que as empresas onde trabalham não destinam orçamento para ações voltadas à saúde mental das equipes. Além disso, 96% dos participantes destacaram que a saúde mental é um aspecto crucial para a gestão de pessoas em seus locais de trabalho.

Estudos da International Labour Organization (ILO) indicam que cerca de 40% dos trabalhadores em países desenvolvidos experimentaram burnout em algum nível no ano de 2023. Esse número pode variar de acordo com a indústria e a função.

Dados recentes da Gallup ainda mostram que o burnout continua a ser uma preocupação crescente, com níveis particularmente elevados em profissões de alta pressão, como saúde e educação.

Outra pesquisa, realizada pela American Psychological Association (APA) relatou que o burnout está em ascensão, com fatores como sobrecarga de trabalho e falta de suporte, exacerbando a situação.

Considerando as razões apresentadas, entendemos que ainda há um longo caminho para chegarmos em um cenário ideal para a saúde mental. Portanto, precisamos continuar abordando demasiadamente o tema. E como fazer isso?

O mês de setembro é uma forma de dar importância para casos de burnout, trazendo o tema para mais pessoas e abrindo um debate saudável sobre como as empresas precisam continuar investindo na saúde e bem-estar mental dos seus colaboradores.

Por que em setembro?

Claro que essas ações não devem ficar em alta apenas neste mês. No entanto, abrir espaço para essa conversa é fundamental.

Em setembro as empresas dedicam esforços para ações voltadas para saúde mental, seja através de informativos, palestras ou até mesmo investindo em parcerias com profissionais da área da saúde.

O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. O mês é dedicado a promover a discussão sobre saúde mental e a importância de procurar ajuda.

De acordo com dados do Ministério da Saúde do Brasil, as taxas de suicídio têm mostrado variações, com um aumento preocupante em algumas regiões e grupos etários. A campanha deste ano está focada em aumentar a conscientização sobre sinais de alerta para o suicídio e a importância do apoio psicológico.

E qual é a relação do burnout com Setembro Amarelo?

Um dos principais fatores da relação dos temas é a divulgação e o espaço aberto para falar sobre essa temática e ambas destacam a necessidade de educação sobre saúde mental. O Setembro Amarelo é uma campanha que visa educar o público sobre a importância de reconhecer sinais de sofrimento mental e buscar ajuda, enquanto a conscientização sobre burnout envolve educar empregadores e funcionários sobre como identificar e lidar com o estresse excessivo relacionado ao trabalho.

A campanha visa aumentar a conscientização sobre a prevenção do suicídio e promover a saúde mental. Portanto, o burnout, como uma forma grave de estresse e exaustão, pode contribuir para os riscos associados a problemas de saúde mental mais graves, incluindo pensamentos suicidas.

A ação promove a importância de buscar ajuda e oferecer suporte para problemas de saúde mental. Da mesma forma, abordar o burnout no ambiente de trabalho é crucial para prevenir o agravamento desses problemas.