Como a cultura organizacional afeta a liderança e vice-versa

Muito falamos sobre a liderança e como ela deve se adaptar aos novos cenários propostos de acordo com avanço social, em conjunto com o mercado. Isso reflete em diversos estudos que demonstram maneiras como a liderança deve se portar, quais são as suas skills exigidas agora e como as adversidades exigem resiliência de um líder.

Por outro lado, temos abordado também sobre a cultura organizacional, presente em diversos estudos e que também segue tendências e precisa estar atenta as mudanças externas para continuar fazendo sentido no ambiente de trabalho.

O que pouco falamos é sobre como esses dois conceitos conversam um com o outro e, mais do que isso, eles impactam mutualmente também. Em um cenário perfeito, a organização teria uma cultura de acolhimento e centrada no capital humano com uma liderança que caminha de acordo com a sua cultura, implementando inovações. Mas essa não é a realidade de muitas empresas, inclusive, manter uma liderança alinhada com uma boa cultura é um desafio diário para os profissionais de RH.

Por esta razão, vamos abordar como o RH pode equilibrar esses dois lados que precisam se complementar e estar em harmonia para um bom funcionamento do sistema organizacional. Acompanhe.

Primeiramente, vamos entender o que é cada conceito e qual é o seu papel na organização.

Qual é o papel da liderança?

A função do líder é mais do que simplesmente administrar procedimentos e requisitos, uma liderança eficaz é aquela que valoriza o comprometimento dos funcionários, motivando a equipe a sempre buscar o máximo desempenho. Essa dinâmica se apoia na confiança como o alicerce dessa relação, o que se reflete em consideração e cooperação no ambiente de trabalho.  A liderança pode combinar estratégia de gerenciamento, habilidades pessoais e visão. Uma liderança bem planejada e estruturada pode alavancar resultados e, principalmente, melhorar o ambiente de trabalho para as equipes.

Foi uma estratégia comum do RH compor seu quadro de liderança com gestores cujas competências eram centradas na sua posição ou função em específico e com habilidades, todavia, de liderança em potencial. Essa abordagem funcionou por um tempo, mas, no cenário que o mercado se encontra hoje, pode não acompanhar as incertezas e habilidades de resiliência.

Pensar nesse sentido de mudança nos permite entender que as funções de liderança continuarão mudando significativamente à medida que as organizações continuarem a se transformar, adicionando uma camada de complexidade ao estabelecimento de um programa de desenvolvimento e um conjunto essencial de habilidades de liderança.

Qual é o papel da cultura organizacional?

É através da cultura organizacional que os principais pilares de convivência, ética e propósitos são moldados e compartilhados com seus colaboradores. Muitas pessoas pensam que a cultura de uma empresa é determinada pela política escrita que ela possui, todavia, isso está longe de ser uma realidade para as organizações que lutam diariamente para a construção de um ambiente com cultura sólida e estruturante.

Segundo a Harvard Business Review, a cultura pode ser definida como a “ordem social implícita de uma organização”, sendo responsável por moldar atitudes e comportamentos. Além disso, pode liberar uma imensa energia em prol de um propósito compartilhado, impulsionando o sucesso da empresa. Em organizações que possuem uma cultura sólida e positiva, os colaboradores costumam vivenciar os seguintes benefícios:

  • Sentir-se inspirados pela missão da empresa;
  • Relatar que são tratados de forma justa, reconhecidos e valorizados por seus gestores;
  • Experimentar menos estresse e demonstrar maior engajamento;
  • Sentir-se “psicologicamente seguros”, o que lhes permite ser autênticos;
  • Desenvolver maior lealdade e serem menos inclinados a deixar a empresa.

Qual é a relação entre a cultura organizacional e a liderança?

Uma cultura só estabelecida em coletivo (e é por esse motivo que apenas o desenho de uma política não é o suficiente) e cabe ao líder promover e incentivar a cultura de uma organização. Na verdade, são os líderes que vão ajudar a construir uma cultura sólida ou, até mesmo, modificá-la em tempos de mudanças.

As pessoas são inspiradas pela visão. Eles querem seguir um líder que mostre preocupações e valores que sejam importantes para eles. Portanto, a liderança interfere diretamente no que se diz respeito a essência da empresa, sendo ela o principal pilar entre pessoas e organização, além de exercer papel fundamental na criação e disseminação do conjunto de regras, valores e objetivos da empresa.

Por outro lado, uma empresa que mantém uma cultura engessada, na qual não há abertura para inovação e novas ideias, tende a desmotivar lideranças que buscam trazer um lado mais humano, social e empático para a sua gestão.

As culturas negativas podem afetar especialmente a liderança positiva, uma vez que as iniciativas são vetadas por gestores que têm interesse na cultura antiga ou que lutam para aceitar as mudanças inerentes ao local de trabalho moderno. Quer seja através da manipulação ou da complacência, as culturas negativas podem criar desafios significativos à mudança.

Dessa forma, é importante que a cultura esteja em sintonia com a liderança para que elas conversem com a dinâmica e rotina da empresa, e claro, ambas visem a melhoria da gestão de pessoas e do ambiente de trabalho.