Como promover um ambiente de trabalho inclusivo para profissionais neurodivergentes
Ações que envolvem a diversidade, equidade, inclusão e o pertencimento (DEIB) estão ganhando destaque nas organizações. Esse fenômeno está acontecendo porque muitos locais de trabalho perceberam que a diversidade de pessoas e de vivências é importante no desenvolvimento de todos os fatores que envolvem o cenário organizacional.
Com a atualidade do assunto, é importante trazermos mais abordagens que ajudem nessa discussão, questionando se a inclusão é para todos os grupos marginalizados ou apenas para determinados grupos.
Dados do IBGE de 2019 indicaram que quase 3% da população mundial com TEA (transtorno do espectro autista) é representada pelo Brasil. O mesmo estudo ainda mostra que aproximadamente 85% dos adultos dentro do espectro autista estão desempregados.
Pensando nisso, e considerando todas os tipos de neurodivergência, é importante que este grupo também seja abraçado pela onda de inclusão e diversidade corporativa. Contudo, antes de falar sobre a inclusão deste grupo, é importante entendermos o conceito do termo e quais são as principais categorias.
O que é neurodivergência?
O termo neurodivergência é empregado para descrever indivíduos cujo funcionamento cerebral se desvia consideravelmente do que é considerado típico ou neurotípico. Segundo o Instituto Escola Brasil, pessoas no espectro autista ou aqueles que têm outras diferenças neurológicas são chamados de “neurodivergentes”, isso inclui também:
- transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)
- síndrome de Tourette
- depressão
- dislexia
- dificuldades intelectuais
- esquizofrenia
Quais são as principais características de pessoas neurodivergentes?
Ainda conforme o instituto, não existe uma única forma de retratar pessoas neuroatípicas, isso porque há diversos casos e muitos parâmetros. Todavia, alguns indicativos são típicos de alguém que possa ser autista na vida adulta, como:
- baixa interação social
- incapacidade de iniciar ou manter uma conversa
- falta de jogo social – relações sociais recíprocas prejudicadas
- linguagem repetitiva, hiper focada em algum tema
- interesse intenso e focado, geralmente em um objeto ou assunto
- fixação em certas rotinas ou rituais
- dificuldade em manter contato com os olhos
É importante ressaltar que o diagnóstico médio precisa ser realizado por um profissional da saúde.
A importância da inclusão de neurodivergentes no mercado de trabalho
Como abordamos no início do artigo, a taxa de desemprego entre pessoas neuroatípicas é alta. Além desse dado, em um cenário mundial, o desemprego entre pessoas autistas com graduação é 2,17 vezes maior do que entre pessoas graduadas neurotípicas.
A inclusão e a diversidade são vistas hoje como grandes impulsionadores de um ambiente de trabalho múltiplo, onde as divergências de vivência e olhares ajudam na solução de problemas, no desenvolvimento de equipes, inovação, criatividade e outras várias vantagens.
É difícil pensar em pessoas neurodivergentes quando falamos em equipes diversas, isso porque a DIEB está caminhando em pequenos passos para a construção de um ambiente de trabalho que reflita a realidade. Contudo, essa é uma vertente que precisa começar a ser explorada, uma vez que equipes que contam com profissionais neurodivergentes podem ser 30% mais produtivas em algumas atividades.
Esse é um dado relevante que pode chamar a atenção de recrutadores, do RH e da alta administração. É claro que a finalidade de possuir times diversos não pode ser apenas visando números, mas sim um ambiente que seja — de fato — inclusivo.
Como incluir pessoas neurodivergentes na organização?
Assim como no processo de DEIB, uma das primeiras etapas é ter um recrutamento inclusivo e treinado para entrevistar profissionais neurodivergentes, além de abrir vagas afirmativas. Outra etapa fundamental é analisar o ambiente de trabalho e identificar o que é necessário modificar para que esses profissionais se sintam confortáveis.
Aqui vão algumas dicas para o RH!
Invista em treinamento para todos os profissionais
Para que colaboradores neuroatípicos se sintam realmente acolhidos, todas as pessoas que compõem a organização precisam estar cientes do que é a neurodiversidade e da importância da inclusão.
Investir em capacitação e desenvolvimento para esses profissionais pode aprimorar sua compreensão das necessidades das pessoas neurodivergentes, promover a integração delas no local de trabalho e maximizar suas contribuições.
Escute o público-alvo
Identificar os pontos de mudança na inclusão de pessoas neurodivergentes não é uma tarefa fácil. No entanto, quando escutamos as pessoas certas, o caminho fica mais fácil e prazeroso. Converse com esses profissionais individualmente e entenda quais são as suas necessidades para, então, criar um plano de ação mais completo. Nesse aspecto, duas etapas são importantes quando você já tem as respostas que precisa:
- Distribuição consciente das demandas: reconhecer as habilidades e competências particulares dos profissionais neurodiversos e atribuir-lhes atividades correspondentes à sua aptidão.
- Flexibilidade: Muitas empresas buscam oferecer um ambiente de trabalho flexível para seus colaboradores, para atrair e reter talentos. Em um ambiente diverso, esse quesito é ainda mais importante, uma vez que muitas vezes pessoas neurodiversas podem se sentir desconfortáveis com determinados estímulos e ambientes. Por esse motivo, ter um horário flexível e também um local diferenciado para essas pessoas é importante para que elas possam desenvolver suas atividades com mais conforto.
Tenha um processo de R&S inclusivo
Como já mencionamos, o processo de inclusão e diversidade de uma empresa começa nos treinamentos e na contratação.
Quando falamos de Recrutamento e Seleção inclusivos, são etapas estruturadas e adaptadas de acordo com a necessidade de cada candidato, assim como as entrevistas com pessoas PCDs, por exemplo, demandam profissionais capacitados para realizá-las. Por esse motivo, capacitar recrutadores sobre a importância da diversidade e abordagem inclusiva é imprescindível na busca da DEIB nas organizações.
Essa prática faz parte das ações que buscam garantir a equidade no ambiente de trabalho. Além disso, outra estratégia que pode ser implementada é a vaga afirmativa. Ao adotar essa medida, as empresas não apenas incentivam a diversidade e a inclusão no quadro de funcionários, mas também se beneficiam da variedade de habilidades e perspectivas que esses talentos podem oferecer. Promover a inclusão de profissionais neurodivergentes contribui para a quebra de estigmas e preconceitos, criando ambientes de trabalho mais acolhedores e produtivos para todos os colaboradores.