Por que as empresas ainda resistem ao trabalho remoto?
Muitas empresas voltaram ao modelo presencial nesse momento pós-pandemia, mesmo após muitas pesquisas demonstrarem os benefícios do trabalho remoto.
No Brasil, houve uma redução de 15 pontos percentuais no número de vagas divulgadas na plataforma que mencionavam a opção de trabalho remoto, passando de 40% para 25% em um ano, segundo relatório do LinkedIn Economic Graph.
Outro estudo ainda apontou que em 2022 o percentual de empresas que adotaram o home office no Brasil caiu de 57,5% para 32,7% em comparação com o ano anterior.
O motivo? A produtividade. Muitos empregadores apontam o desempenho do colaborador como pretexto para a retomada do modelo. Conforme relatos de especialistas, o retorno ao trabalho presencial pode ser motivado pela busca por uma ilusória sensação de controle desejada pelas empresas, ou então pela real relevância do trabalho presencial para a estratégia de negócio.
De acordo com estudos da Stanford, os principais desafios do trabalho 100% remoto são a comunicação, atuar em níveis mais criativos e a queda na produtividade. Por outro lado, o estudo mostrou redução de custo por parte das empresas, pois não há gastos com infraestrutura como aluguel, água e energia elétrica, por exemplo. O trabalho híbrido, em contrapartida, pode ter efeitos positivos na produtividade, conforme conclui a pesquisa da universidade americana.
Todavia, o oposto é apontado por outros estudos. O relatório da FGV demonstrou que em 2022 a proporção de empresas em caráter remoto que notaram aumento da produtividade de seus colaboradores aumentou para 30%, enquanto as que avaliam que houve perda de produtividade diminuiu para 10,2%.
Veja os benefícios do trabalho híbrido!
Antes da pandemia, o conceito de trabalho remoto era quase desconhecido e a expectativa era de que os colaboradores estivessem fisicamente presentes em seus locais de trabalho ao longo do dia. Apesar do sucesso do modelo híbrido durante a pandemia, o trabalho presencial ainda é considerado uma medida fundamentalmente estabelecida.
Monitorar o progresso dos colaboradores, promover o seu desenvolvimento e aprendizagem e construir uma cultura empresarial quando remoto é um grande desafio. Sendo assim, mudar para um acordo híbrido ou totalmente remoto requer investimentos (tanto em termos de dinheiro como de tempo) em procedimentos, cultura e processos.
Portanto, ter uma cultura centrada no trabalho remoto exige muito esforço e conhecimento por parte dos empregadores. Além disso, muitas vezes, o modelo de negócio não possibilita que os colaboradores realizem o trabalho remotamente.
Nesses casos, a empresa precisa buscar outras formas de flexibilidade para oferecer aos funcionários. E por que colocar o funcionário como foco e escutá-lo na hora da tomada de decisão?
Manter um profissional por anos em uma empresa é um desafio em tempos de muita competitividade no mercado, com demandas para preenchimento de vagas de diversos setores. Com isso, a atração e retenção de colaboradores se torna primordial na estratégia de um negócio sustentável. É por essa razão que os relatórios apontam uma crescente nos pedidos de demissão. Segundo dados da pesquisa da Caged, com o levantamento da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), entre janeiro e maio de 2023 2,9 milhões de trabalhadores brasileiros pediram demissão, maior índice desde 2005. A falta de oportunidades de avanço, os baixos salários e a sensação de desrespeito foram as principais razões pelas quais os americanos deixaram seus empregos em 2021, de acordo com uma pesquisa do Pew Research Center.
Além disso, estudos mostram que os funcionários que se sentem escutados estão entre os 79% funcionários engajados, enquanto os funcionários que não têm essa atenção aparecem entre os 24% engajados.
No contexto de modelo de trabalho, muitas pessoas expressaram sua preferência pelo trabalho remoto. Na verdade, 72%, segundo um inquérito do Slack.
Um estudo conduzido pela Indeed em maio de 2022, envolvendo 858 profissionais do Brasil, destacou as seguintes descobertas acerca do trabalho remoto: 65% dos participantes indicaram um aumento de produtividade.
Por esse motivo, os fundamentos de atração e retenção de talentos são diretamente impactados pelo modelo de trabalho escolhido pela empresa.
Um relatório recente da McKinsey descobriu que aproximadamente três quartos dos 5.000 funcionários não executivos entrevistados desejam a opção de trabalhar em casa por pelo menos dois dias por semana, e mais da metade dos funcionários entrevistados gostaria de pelo menos três dias de trabalho remoto.
Outro estudo ainda demonstra que 94% das empresas planejam adotar modelos de trabalho remoto ou híbrido a longo prazo – e farão isso nos próximos 12 meses.
Em suma, é importante que as companhias avaliem a escolha do modelo de trabalho considerando tanto a sua perspectiva quanto a perspectiva dos colaboradores, encontrando, então, um equilíbrio e uma solução que possa funcionar para ambas as partes.